Por: Cmte. Pedro Canabarro
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Fazendo História
Fazer história é, muitas vezes, resgatar as histórias que não foram contadas ou aquelas que já foram esquecidas. Tarefa complicada, mas é o que pretendemos nesta Comissão de História da Aviação da ABRAPAC.
Tentar resgatar o que foi esquecido, contar o que talvez nunca tenha sido contado, buscar a preservação da memória aeronáutica que enferruja nos aviões abandonados pelo Brasil afora.
Buscar a memória que se apaga nos documentos que se perdem em caixas jogadas em salas esquecidas. Memória essa que se cala quando partem para voos mais altos os pioneiros da aviação comercial. Memória que é representada pelos acervos dos museus, pelas aeronaves preservadas ou não, e sobretudo por aquelas pessoas que viveram a história da aviação comercial brasileira.
A ideia de resgatar a história da aviação começou com um grupo de associados da ABRAPAC que, por meio do projeto da Comissão de História da Aviação, aspira construir a possibilidade de promover uma discussão a nível nacional que frutifique em ações que levem à preservação de nossa história aeronáutica.
Assim, pretendemos neste espaço apresentar o andamento deste projeto, o levantamento de aeronaves existentes que possam ser alvo de preservação e suas atualizações, bem como um levantamento de museus ativos ou não, e seus acervos.
Também pretendemos propiciar a publicação de artigos sobre história da aviação comercial e depoimentos de pessoas que viveram o desenvolvimento da aviação brasileira.
Temos consciência do enorme desafio que enfrentaremos e da nossa vontade de concluir tal desafio. Há mais certeza ainda, da necessidade de se fazer e da colaboração que teremos de todos aqueles que gostariam de ver a história de nossa aviação preservada.
Debatendo a História
Os fatos históricos muitas vezes são definitivos. Porém, outras vezes, deixam margem para a subjetividade da interpretação. E aí que a coisa fica mais interessante, pois abre o debate e o questionamento, criando teses e calorosas discussões.
A história da aviação é terreno fértil para esses exercícios. E este é um dos motivos para falarmos e debatermos a história de nossa aviação comercial.
A história oficial é contada e validada somente considerando fatos que possam ser comprovados através de provas aceitas pela comunidade histórica acadêmica – cuja rigidez dos conceitos que a definem exclui muitas possíveis provas, relevando ao anonimato muitos fatos ocorridos. Seja pela exclusão das provas existentes ou pela simples falta de um registro histórico.
Portanto, quando falamos de história, temos os fatos documentados e as teses a serem provadas através de documentos aceitos. O que nos dá um fértil terreno para debater e pesquisar a história da aviação.
O Início
Todo desenvolvimento tecnológico é fruto de ideias e projetos que surgiram de diversas fontes diferentes, muitas vezes em momentos históricos diferentes. Ao confrontar, modificar ou utilizar teorias e conceitos desenvolvidos por outras mentes, o cientista evolui uma ideia e torna viável um projeto já muitas vezes idealizado por outros. E com a aviação não seria diferente.
Os primeiros registros históricos que podemos considerar como ensaios de aviação são datados de antes de 300 a.C.. Mostram que os chineses já faziam experimentos com pipas e pequenos balões de ar quente – as famosas lanternas voadoras chinesas.
Mais adiante, em 875 d.C., na Andaluzia, em 1178, em Constantinopla, e também em 1499 em Perugia, aparecem registros que nos contam sobre alguns sonhadores que perderam a vida ao se lançarem de torres e penhascos, tentando voar em asas rudimentarmente construídas.
Já lá pelos idos de 1500, existem provas de que Leonardo da Vinci iniciou estudos sobre aerodinâmica e os efeitos da pressão do ar em superfícies curvas. Estudos que levariam ao conceito pressão e sustentação aerodinâmica que surgiria 250 anos depois.
Os primeiros registros da ideia de elevar-se no ar por meio do “Princípio de Arquimedes” ocorreram em 1670, com o padre jesuíta italiano Francesco Lana de Terzi. Muito provavelmente foram por meio deles que outro padre, Bartolomeu de Gusmão, em Portugal, requereu patente e apresentou um balão de ar quente de pequenas proporções à corte portuguesa em 1709.
Também muito bem documentado também está o voo dos irmãos franceses Montgofier, em 1783, que, usando a teoria de Gusmão, fizeram alçar aos céus um balão de ar quente de 36 metros de circunferência.
Ainda em 1783, outro francês, Jacques Alexandre, começa a experimentar o uso de gás hélio para alçar ao voo um balão.
No mesmo ano, na França, temos o primeiro voo tripulado registrado pela história. Que por muito pouco não foi feito por criminosos condenados à morte. Devido a algumas explosões e ao medo, os pesquisadores, após terem elevado aos céus ovelhas e pombos presos a uma gaiola, decidem que é a hora de levar um homem aos ares.
Optam inicialmente por colocar prisioneiros condenados no balão de hidrogênio. Por sorte, François de Roizer e o Marques d’Arlandes, contrariados pela a ideia de que os primeiros homens a voar fossem criminosos, convencem os responsáveis pela experiência a serem eles a tripular tão importante voo. Assim em 21 de outubro de 1783 acontece o primeiro voo tripulado da História.
Começava a saga da humanidade nos ares. Faltava agora um elemento essencial para que se subisse um degrau na evolução aeronáutica: a dirigibilidade.
Em breve, a parte 2 – fique atento a nossas mídias.
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