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HISTÓRIA DA AVIAÇÃO NO BRASIL – PARTE 24


Por: Cmte. Pedro Canabarro Clique aqui para ver as outras partes

TNT/Sava – Serviços Aéreos do Vale Amazônico

Em 1991, um gigante da logística internacional estreou no cenário aéreo brasileiro, a poderosa australiana TNT, que no Brasil explorava somente a logística marítima e terrestre, resolveu iniciar o transporte de carga aérea, devido às péssimas condições da infraestrutura rodoviária no norte do país.

A ideia de negócio começou com a utilização antigas concessões da Sava (Serviços Aéreos do Vale Amazônico), que operava na região norte nos anos de 1950. A SAVA foi a escolha natural por ainda ser uma empresa legalmente ativa, além de ter concessões na região de interesse da TNT.

A fundação da SAVA – Serviços Aéreos do Vale Amazônico, foi tão complexa quanto o seu fim, sendo difícil definir a data exata de sua fundação dado que existem diversos registros diferentes. Sabemos com certeza que foi fundada, na cidade de Belém no Pará, pelo paraense Raymundo Duarte Muniz, o então 1º Sargento do Quadro de Avião da Aeronáutica da Ativa.

A partir daí começam divergências de datas entre 1949 e 1951, porém como temos registros de atividade da empresa antes de 1951 podemos concluir que 1949 seja a data aproximada correta. A SAVA operou no transporte comercial de carga e passageiros na Amazônia, com diversas aeronaves dentre as quais os Consolidated Catalina PBY-5 A, o Junkers W34 ci, o Boeing 274D, o Curtiss C-46A-10-CU e o Beechcraft M35.


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Consolidated Catalina PBY-5 A

Junkers W34 ci


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Curtiss C-46A-10-CU

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Boeing 274D


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Beechcraft Bonanza M35

A empresa operava em voos com passageiros e cargas de Belém para a Ilha de Marajó, regressava com carga para Belém e também ligava cidades no Sul do Pará e Norte de Goiás com Belém.

Com equipamentos ultrapassados, que representavam uma manutenção cara, a falta de pistas adequadas, o pouco volume de passageiros dificultavam a viabilidade da empresa, que começava apresentar problemas financeiros. Com a ajuda do Brigadeiro Eduardo Gomes, a SAVA conseguiu uma concessão presidencial que dava os direitos de explorar voos regulares de passageiros, cargas e malas postais e valores no Brasil e exterior. Porém a empresa precisava de dinheiro para consolidar estas operações e acabou interrompendo suas operações em 1963 por perda e indisponibilidade do material aéreo e falta de recursos financeiros para o necessário reequipamento.

Numa tentativa de retornar as operações a SAVA conseguiu junto aos políticos do Pará em março de 1964, encaminhar projeto de Lei que autorizava o Poder Executivo a abrir, pelo Ministério da Aeronáutica, o crédito especial de cem milhões de cruzeiros. Tal projeto caiu no esquecimento antes de sua conclusão por causa do surgimento da Revolução de 1964 e as operações da SAVA foram interrompidas até 1979, quando operou voos esporádicos com um DC-3 em voos de transporte de carga para o governo do Território Federal de Rondônia até 1981.   

A SAVA ressurgiu em 1990 com o interesse em voos cargueiros da TNT, transferindo sua sede para São Paulo e o nome para TNT/SAVA. Recomeçava assim a SAVA na rota entre Manaus e São Paulo com Boeings 727.100F e 727.200F, além de um Douglas DC-8.61F.


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DC-3

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727.100F


727.200F

DC-8.61F


Porém a sorte da SAVA não mudou com a parceria da TNT, que em 1994 mudou seus planos estratégicos vendeu o controle acionário a um grupo de brasileiros e uruguaios que eram proprietários de uma empresa de carga aérea, denominada Coex Inc., em Miami, EUA. Em uma transição conturbada que causaria enormes prejuízos , comandada pelo uruguaio Juvenal Lucas D’Oliveira Velazco, a empresa chegou a beira da falência.

 Apesar da crise, em 1994 a SAVA ficou responsável pelo transporte das primeiras notas do “Real”, fabricadas na Alemanha, graças a antiga autorização conseguida junto ao Brigadeiro Eduardo Gomes. Naquele mesmo ano a empresa foi completamente reestruturada, com renegociação de dívidas, dos voos e do aproveitamento racional da única aeronave cargueira que voava para a empresa naquela época, um Boeing 707.321CH.


Boeing 707.321CH da Sava, em Guarulhos, São Paulo

707.321CH

Também foi formada nova carteira de clientes corporativos e a companhia voltou a operar entre São Paulo-Manaus, voando para sua antiga sócia a TNT, além de outros voos regulares e de voos não regulares entre Belo Horizonte e Córdoba.

onseguindo incluir clientes como a FIAT, Editora Abril e Sanyo, a empresa ainda fez acordos operacionais com a Polar Cargo, Skyjet e Aerocancún. Parecia que desta vez a SAVA decolaria, porém o DAC acabou não autorizando a transferência de propriedade da empresa que possibilitaria investimentos para consolidar as operações conseguidas com a reestruturação, afastando os investidores interessados.

Posteriormente acusada de fraude na venda da empresa, a SAVA encerrou suas operações, embora ainda hoje corra na justiça processos relativos a sua venda e autorizações de voos. 

Itapemirim Transportes Aéreos

     A Itapemirim Cargo surgiu inicialmente com o projeto de ser a segunda empresa aérea brasileira a se aventurar exclusivamente no instável mercado de carga brasileiro. A pioneira Itaú, havia chegado 43 anos antes da Itapemirim, tentado se estabelecer na aviação de carga até ser incorporada pela Nacional. 

Fundada em 1990 pelo Grupo Itapemirim de transporte rodoviário, a empresa começou a voar em 1991 com dois Boeing 727-100F comprados junto a Varig. Atendendo inicialmente voos de Campinas para Manaus, Rio de Janeiro e Recife, entrou em competição direta com a TNT Sava. Em 1993, a empresa acrescentou mais dois Boeing 727 a frota e arrendaria ocasionalmente um Douglas DC-8-71F, ampliando sua malha  para as cidades de Belém, Fortaleza.


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DC-8-71F

   Em 1996 a Itapemirim já possuía a maior frota cargueira da América do Sul, com 6 Boeing 727, sendo dois da versão 200, sendo estes os primeiros do modelo a operar no Brasil. A empresa havia ampliado sua área de atuação de 6 cidades para 12,  ampliando os voos para as cidades de Florianópolis, Porto Alegre, São Paulo , Salvador e Brasília, e havia se tornado a maior empresa aérea latino-americana puramente cargueira naqueles dias.

   No ano de 1996 uma decisão estratégica que mudou a estrutura da empresa e ajudou a decretar seu fim foi tomada. Ao explorar o transporte de passageiros devido as novas regras do mercado a Itapemirim trouxe um Cessna 208B Grand Caravan para realizar vôos sistemáticos de passageiros entre Cachoeiro do Itapemirim (ES) e o Rio de Janeiro durante o dia e realizar voos de carga à noite. Assim iniciava-se a Itapemirim Transportes Aéreos Regionais.


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Cessna 208

  Porém, as pretensões de voar passageiro terminaram quase que imediatamente com a venda da operação regional para a TAM, que aquela época assediava qualquer empresa que tentasse entrar na sua região de atuação na aviação regional.

  O ano de 1999 chegou e com ele a crise cambial que pegaram em cheio a frota da Itapemirim com os seus guerreiros, mas velhos 727. Os altos custos de manutenção e operação das aeronaves afetaram a saúde financeira da empresa, de tal maneira que seu dono, Camilo Cola, temendo que os prejuízos da divisão aérea atingiriam em cheio a saúde de todo o grupo econômico decidiu por encerrar as operações da empresa aérea e vender todas as aeronaves. 

Sem aviões e sem operações por mais de um ano, a Itapemirim teve sua autorização de voo suspensa ao fim do ano 2000.

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